São Tomé- fotografia de Patrícia Maia
Residência
Visão de meu pai de volta à casa de
sua mãe, sam Nôvi, no Budo-Budo
Regressarás pela ladeira velha
sem aviso.
Será como ontem, ao entardecer:
remoto, repentino, o assobio.
E no caminho, um soluço de festa
derramado.
A luz será húmida
a chuva íntima
sobre a marca dos teus pés.
Dedo a dedo, folha a folha
tocarás os cheiros
os sortilégios do quintal -
o limoeiro anão da avó
o decrépito izaquenteiro
o ocá assombradíssimo
o kimi torto
e à entrada, no barro gravado,
o fantasma do bode branco.
O degrau há-de ranger ao primeiro passo.
Subirás devagar, concreto
sem pisar a tábua solta no soalho.
A porta está aberta, a tocha acesa.
Conceição Lima, O útero da casa, Caminho
http://www.revista.agulha.nom.br/lusofonia.html
http://www.novacultura.de/0502lima.html
http://culturastp.blogspot.com/2005/08/poesia-de-conceio-lima-em-espanhol.html
sábado, março 04, 2006
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