pintura de Rogério Ribeiro
QUADROS PARA UMA EXPOSIÇÃO
(...)
outro combate enfrento, como se
ao material da memória viesse acrescentar-se
uma presença física carregada
do que é em mim a génese de um destino
e o seu entendimento, uma estranheza
que só em algumas coisas reconheço,
seja um caderno branco ou um jogo de anilinas,
um cavalete ou um labirinto,
seja um livro por ler ou o escuro vão de escada
onde vou amontoando frascos, pincéis,
tubos de tintas, figuras mitológicas,
cubos, triângulos, panos coloridos.
eu sei que essa presença é como uma ilusão
e que toda a ilusão é uma traição
no exacto sentido em que o desvendamento
é sempre uma ocultação do que se mostra.
por isso a minha arte é este rosto
em que continuadamente convoco a invenção
e nó a nó a corda do desenho
é parte convulsiva do que digo
e vou acrescentando ao mais vulgar sentido,
por ser a parte pertinente desta história
em que a história se vai redefinindo
para que o clímax se atinja e a floração irrompa
sob a forma de um silêncio
que não é mais que um grito inexorável.
estou na linha de fogo, o mais das vezes.
(...)
Amadeu Baptista, O som do vermelho, Campo das Letras
http://www.revista.agulha.nom.br/abaptista.html
http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt/p_mundo/index.asp?op=4&p=2369
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/amadeu1.htm
http://www.novacultura.de/0505fabrica.html
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