fotografia de antónio ferraVoz amiga, de um dos blogues que fazem permanecer neste posto, fez-me notar o lapso da data do
post anterior, que era de Dezembro de 2007 e não de Dezembro de 2006 e acrescenta:
talvez a Armandina tenha percorrido o ano todo de desejo?Não sei já bem o que é o tempo, desde que o voo das aves baixou e tudo ficou em suspenso como se nada mais pudesse acontecer. Tenho sentido este peso a puxar-me para a terra dia e noite, como quando se está de luto e nos sentimos traidores por estarmos ainda vivos.
nenhuma solidão, nenhuma mágoa, nenhum ódio é mais longe que esta espera, que foi até agora, infinita, magestosa, soberana dona da minha vida.
sem rumo, sem regra, sem deuses, tenho caminhado só porque conheço de cor todos os caminhos, mesmos os de pedras árduas onde nunca andei mas poderia ter andado, de outra tivesse sido a minha geografia.
a luz entrará novamente no lar que ainda existe, os escombros estão perfeitamente imóveis à espera desta luz para se reconstruírem sozinhos, com a matéria viva dos sonhos que gerámos nas noites intermináveis.
aos dezanove dias de janeiro começa enfim este ano, que iluminará para sempre a sombra, que se ergueu como um muro, o muro que nos separou, o sol que não vinha, a formiga que prendia a patinha na neve, e o sol que não vinha e a sombra que se erguia atrás do muro, em vez do sol, e do mar
tenho tudo aqui, na palma da mão. o teu adeus, alegre, confuso, balbuciante, o teu adeus que abaterá o muro, para que não se erga nunca mais.
eu continuarei aqui, invencível no meu amor
mais forte do que a morte
armandina maia, dia um de janeiro de dois mil e sete