sexta-feira, janeiro 12, 2007

contagem [de]crescente 2

imagem de antónio ferra

Pressentia-te como o chão que pisava, em toda a parte, como se, por baixo de cada um dos meus passos, tu te/me procurasses, sem saber de nenhum de nós. Esta perda foi a maior, perder o norte, não saber em que sentido estender a mão para te agarrar de uma possível queda, em busca da luz, a que eu também para ti buscava. Desde sempre, contigo, para ti e por ti, onde quer que estivesses, o meu amor havia de atravessar as grutas e os desertos, as rochas impiedosas na sua mudez, os mares que agora seguiam sem ti, sem a força dos teus braços a enterrarem-se neles, como num leito. Hás-de voltar, digo-me, hás-de voltar, digo-te, ainda às voltas nas praças, sem luz e sem norte.

armandina maia



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