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O verbo Trafalgar
para o Alberto de Lacerda
"I hear continual echoes from the Thames"
Walt Whitman
não foi para isto que eu me despedi
de tanto
que tanto amava
o sítio
para começar
a caminhada de casa até ao metro
a tentar desvendar diariamente
o mistério da herbácea e do tijolo
e que janelas
e que janelas por dentro
um dia
numa vidraça
vi um papel com uns garatujos assim
I LOVE YOU RICHARD COME BACK
em frente havia uma fonte
vitoriana
municipal
sem água
comemorava uma data
que nunca fui capaz de decorar
ese ra lao a ua que e mais pfeia
degraus
uma rampazinha
e as roseiras da casa do actor
que abria a porta como se estivesse em cena
: good morning
do I detect
a little gloom in the sky?
"Então, meia-noite!"
pensava eu logo com
os meus botões
é claro que ninguém sabia nada
de versos e de poetas portugueses
e muito pouco de mi
a cirandar por ali
com pensamentos desses na cabeça
comunque
como diria
Giorgio
saudoso Giorgio
Giorgio Verrecchia
para mim
Giorgio Maggiore
esse também apareceu
assim só
só por amor
chegou com uma mochila às costas
tocou a campainha e anunciou
: vim por ti
Tessa quase nem queria acreditar
apertou-o muito muito e disse
: fica
Giorgio ficou par sempre
o que eu nunca percebi foi como Londres
teve alma para o manter fora de portas
comigo não foi assim
entrei na estação do metro
apontei o destino
e lá fui eu
a conjugar o verbo Trafalgar
Luís Amorim de Sousa, O Verbo Trafalgar, Casa da Moeda
http://www.secrel.com.br/jpoesia/lamorim.html
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
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