domingo, outubro 15, 2006

(d)esse campo minado a que chamamos destino




















Outubro

Caroço de tempestades,
Nó de cobras ardentes,
Este é um mês de chuvas cálidas
E de ventos.

Subversivo ao calendário,
Fruto amargo
Na colheita ancestral.

É sempre outono
Em outubro,
É sempre vento.

Nenhuma cintilação,
Somente o escuro

E no escuro esta sombra,
Graciosa e febril,
Dançando à luz dos raios

— o canto áspero
E o pescoço
Carregado de contas.

É sempre guerra
Em outubro,
Sempre vermelho e azul.

Sempre pendões na ponta
Das estacas
Desse campo minado
A que chamamos destino.

Miriam Fraga, Brasil

3 comentários:

bettips disse...

Escreve por favor, subverte essa relutância, aqui és tu como queres. Aprendi-te e gosto muito das tuas coisas. Outros também, acho. Muitos e poucos. A quem ajudas? Não sabes ...Bjinho

lector disse...

Belo porque verdadeiro, o poema. Verdadeira porque belíssima, a foto.

tsiwari disse...

Outubro, sempre um mÊs de eleição.

Destino, como campo minado, de estacas composto, é uma imagem muito forte. Aliás como é apanágio das tuas excelentes escolhas...

Baci.