"De vez em quando, ouvem-se ecos abafados dos clamores dos súbditos de aura branca, a pedir justiça perante tanta iniquidade, tanto fausto na corte, tanto ouro na lapela e nas roupagens, com o povo a morrer de fome, e a aplaudir o rei, qualquer que seja, esperando mesmo o deus de asas de oiro que os pensantes e sábios dizem ter finalmente chegado, e as trompetas anunciam a cada minuto, para além das novas que todos proclama, cada vez mais próximos do rei, o rei sem rosto e sem nome, que os pensantes e sábios, também eles sem rosto e sem nome, elegem como rei até rolar a sua cabeça, para depois renovarem as vénias infinitas perante o sucessor, o Sempre Anjo, o Sempre Predestinado, o D. Sebastião que juram e extrajuram ter finalmente visto".
Maria Armandina Maia, O testamento dos vivos, inédito
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