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Entre o voo e a raíz
Amigos,
Sinto que os anos nos fogem por entre os dedos da mão, frágil para conter o coração menos ágil, que ainda colhe, não sei de qual raíz, a pureza e os mistérios dos sentimentos nobres. Aqueles em que mergulhamos como numa profissão de fé, que nos diz que somos de um todo e só todos (nos) fazemos sentido.
Busquemo-nos pois, mais agasalhados por causa do frio da estação, que a idade chega e nunca recua. Só a tal raíz nos torna invencíveis e audaciosos, como se o frio aqui não estivesse, a criança de dois anos brincasse como fazem as crianças de dois anos, as mesas resplandecessem da luz do brilho das famílias em volta, sem distância, sem almas perdidas, sem lugares vazios.
Muitas vezes me sentei nesse lugar, o lugar vazio e caminhei pelos corredores às escuras de olhos fechados, a desafiar o medo. Isso no tempo em que o meu coração voava.
Neste Ano de 2007, quero encontrar-me entre este voo e a raíz de que te falo, quero ver-te outra vez junto ao mar, quero sentir o teu olhar quente de alegria cruzar-se como meu, como velhos amigos que se entendem com um só suspiro.
Neste Ano de 2007, quero ser mais forte, capaz de enfrentar a fraqueza dos outros com o poder infinito das alianças, do acreditar infinito que conheço de cor e recomeçar as cantigas de embalar que quase esqueci, afinando a voz que de vez em quando lembro que existe, fina e bela.
Neste Ano de 2007, quero enterrar o simulacro de gente com que me cruzei, ímpia, pobre e crua na sua ignorância maior que é a avidez, para regressar a mim e ao lugar a que pertenço, a que pertencemos todos os que nunca estamos sós, porque, a um só gesto, somos todos um, no pensamento, no voo e na raíz.
Maria Armandina Maia
30 de Dezembro de 2007
Amigos,
Sinto que os anos nos fogem por entre os dedos da mão, frágil para conter o coração menos ágil, que ainda colhe, não sei de qual raíz, a pureza e os mistérios dos sentimentos nobres. Aqueles em que mergulhamos como numa profissão de fé, que nos diz que somos de um todo e só todos (nos) fazemos sentido.
Busquemo-nos pois, mais agasalhados por causa do frio da estação, que a idade chega e nunca recua. Só a tal raíz nos torna invencíveis e audaciosos, como se o frio aqui não estivesse, a criança de dois anos brincasse como fazem as crianças de dois anos, as mesas resplandecessem da luz do brilho das famílias em volta, sem distância, sem almas perdidas, sem lugares vazios.
Muitas vezes me sentei nesse lugar, o lugar vazio e caminhei pelos corredores às escuras de olhos fechados, a desafiar o medo. Isso no tempo em que o meu coração voava.
Neste Ano de 2007, quero encontrar-me entre este voo e a raíz de que te falo, quero ver-te outra vez junto ao mar, quero sentir o teu olhar quente de alegria cruzar-se como meu, como velhos amigos que se entendem com um só suspiro.
Neste Ano de 2007, quero ser mais forte, capaz de enfrentar a fraqueza dos outros com o poder infinito das alianças, do acreditar infinito que conheço de cor e recomeçar as cantigas de embalar que quase esqueci, afinando a voz que de vez em quando lembro que existe, fina e bela.
Neste Ano de 2007, quero enterrar o simulacro de gente com que me cruzei, ímpia, pobre e crua na sua ignorância maior que é a avidez, para regressar a mim e ao lugar a que pertenço, a que pertencemos todos os que nunca estamos sós, porque, a um só gesto, somos todos um, no pensamento, no voo e na raíz.
Maria Armandina Maia
5 comentários:
que tudo isso consigas.
que a minha amizade por ti consiga, também ela, ser uma das raízes que te afagam.
um 2007 em pleno. ***
Oi querida, obrigada. Um ótimo ano novo pra vc!! Um beijo com carinho.
ps: adoro a forma como escreve
Há seres que sentem diferente. Vim a correr para te dizer que te lembro e te mando esses bons desejos. Luz e Serenidade. Bjinho
Gosto sempre de a ler...
Bom Ano 2007!
Um abraço!
Sim.
é isso mesmo que queremos todos,
mesmo se nem todos sabem isso.
Da minha parte, que é parte do todo,
muito amor para "ti", que és parte de mim.
Parabéns Armandina.
Se julgo ter aprendido alguma coisa nos ultimos tempos, foi que, não podendo salvar o mundo, podemos ainda salvar-nos a nós próprios.
Se cada um embarcasse nesta aventura, já o todo e o todos nos pertenciam por inteiro.
Por isso te trato hoje por tu, estranha amiga.
Para declarar amor sem vergonha.
Para náo ser só parte de nós, outra vez.
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