
Nasceu em 1950, por alturas da Primavera, em Vila Nova de Gaia, uma cidadezita que lhe parecia ser do tamanho do mundo. Ampliou a geografia de origem com a partida para Coimbra, em que se defrontou com a história do país a preto e branco que até aí lhe parecera a cores.
Exilou-se por vontade própria, mais do que por imperativos políticos. Viveu entre Itália e Portugal oito longos anos, de fulgor e muita mágoa pela separação. Descobriu cedo que a pátria é um conceito permeável.
Criou dois filhos, entre cantigas e bastantes histórias com futuro, que continuam à espera de um epílogo feliz. Passou por Camões, num Instituto onde dirigiu a Acção Cultural Externa, título e honrarias que lhe passaram ao lado, na fúria de inventar um lugar para uma cultura fora dos lobis e do umbigo lisbonense europeizante.
Tem amigos e inimigos, como convém a qualquer pessoa parecida com um ser humano. Entre as obsessões de estimação, contam-se a luta infindável contra o esquecimento, esse branqueamento de capital humano que despovoa e erradica a memória, o mais unitário de todos os elos.
Por isso, espera continuar a manter esta “luz de presença”. Par que se saiba quanto mundo existe para lá da “realidade” que todo os dias nos dão a comer numa bandeja.